*Artigo de Opinião
O PSB de Itabirito reuniu um elevado número de participantes no 1º Encontro Político do grupo, no dia 1º de fevereiro. A mobilização impressionou, mas uma análise mais atenta na plateia revela uma incômoda realidade: foi o clássico pastel de vento político. Muitos dos presentes eram servidores comissionados da prefeitura e integrantes da Secretaria de Esportes, evidenciando um cenário de compromissos meramente protocolares ao invés de verdadeiro engajamento político.
Esse evento serve como um alerta à oposição, demonstrando a capacidade da máquina pública em mobilizar apoiadores, ainda que essa movimentação não se traduza em votos reais nas urnas. Na verdade, uma estratégia superficial para manter as aparências e fortalecer a posição do atual vice-prefeito Elio da Mata, pré-candidato à sucessão do prefeito Orlando Caldeira.
O idealizador do evento, Raphael Rondow, secretário de esportes e presidente do PSB local, também cotado para ser o vice na chapa de sucessão ao prefeito, desenvolveu um trabalho eficiente em prol do esporte, mas não logrou êxito em ter suas ações divulgadas como deveriam. Sua força política hoje reside na falsa ilusão de que ele exerce influência na juventude progressista de Itabirito e na recente injeção de quase 2 milhões de reais em uma licitação para materiais esportivos, turbinando as ações da secretaria dele.
Ao analisar o evento é necessário dar uma atenção especial à retórica de Raphael sobre “a construção da cidade por meio do diálogo e compreensão”, postada no Instagram dele sobre o encontro. A narrativa é mais uma tentativa do que um compromisso genuíno. Enquanto ele prega a importância do diálogo, o governo do qual faz parte tem sido marcado por um dos períodos mais intensos de perseguição política e hostilidade aos servidores.
A realidade das ações fala mais alto do que as palavras, e a comunidade Itabiritense tem testemunhado uma administração que, longe de proporcionar espaço para a expressão de opiniões, se caracterizou por uma falta de diálogo com a população. A retórica convidativa, porém vazia de Raphael, o provável pré-candidato a vice-prefeito, mostra uma desconexão entre suas palavras e as práticas reais de seu governo, reforçando a necessidade de uma avaliação crítica de suas reais intenções políticas.
Além disso, é crucial lembrar o passado político oportunista dele, que outrora se alinhou ao PSOL com bandeiras progressistas, mas agora integra um governo de extrema direita. O PSB, sob sua liderança, é ironicamente rotulado como reduto em Itabirito da “esquerda bolsonarista”, revelando uma aliança inusitada que desafia as origens progressistas do PSB, historicamente alinhado à esquerda.
À medida que a disputa pela prefeitura de Itabirito se intensifica, a oposição deve se preparar para uma intensa batalha política. Em jogo, está o comando de uma cidade com um orçamento anual expressivo de 1 bilhão de reais.
A máquina pública, apesar de sua força de mobilização, não deve obscurecer as verdadeiras intenções e compromissos dos candidatos de oposição que buscam a alternância de poder. A população de Itabirito merece uma escolha consciente, baseada em ações concretas e não em eventos alheios à realidade, oportunistas e superficiais.
*Marcelo Rebelo é jornalista e editor do site Mova-se Inconfidentes
