Artigo de Opinião
Em meio às comemorações do Centenário de Itabirito, uma recente matéria As 40 Cidades Mais Ricas de Minas Gerais do site Conheça Minas, informando que o município do pastel de angu ocupa o 17º lugar no ranking estadual do Produto Interno Bruto (PIB), colocando-o entre os mais ricos, segundo último levantamento do IBGE, é motivo de muito orgulho para todo itabirense. Porém, como o diabo mora nos detalhes, a conquista nos traz a necessidade de uma reflexão sobre o verdadeiro progresso da cidade.
No atual cenário de avaliação das cidades, onde métricas econômicas frequentemente ocupam o centro do palco, é imperativo questionar se a prosperidade de um município se traduz efetivamente em qualidade de vida para seus cidadãos.
Ao registrar um PIB de R$ 6.653.271,97, Itabirito trilha um caminho econômico positivo. No entanto, é essencial analisar se este crescimento tem impactado de maneira substancial a qualidade de vida dos habitantes. Para tal, é válido traçar um paralelo com outras cidades de porte similar, mas que demonstram avanços notáveis em diversas esferas cruciais.
Olhando para cidades bem desenvolvidas como Santo Antônio do Pinhal (SP) e Pomerode (SC), observamos uma abordagem holística para o progresso. Ambas não apenas apresentam economias saudáveis, mas também se esforçam para elevar a qualidade de vida dos cidadãos de maneira abrangente.
Santo Antônio do Pinhal é um exemplo inspirador. Com uma economia dinâmica, a cidade conseguiu direcionar seus recursos para a criação de oportunidades de emprego diversificadas e sustentáveis. Além disso, investimentos significativos em educação básica garantiram que as gerações futuras recebam uma formação sólida. Os esforços para promover um ambiente saudável também são visíveis em suas opções de alimentação orgânica e programas de saúde preventiva.
Já Pomerode, por sua vez, destaca-se por uma abordagem consciente em relação à qualidade de vida. A cidade, além de promover emprego e renda, concentra-se em oferecer habitações adequadas e infraestrutura de transporte eficiente. Seu sistema de saúde acessível e de alta qualidade, além de suas iniciativas de segurança pública contribuem para uma sensação geral de bem-estar.
Ao considerar esses exemplos, é impossível não se questionar sobre o progresso de Itabirito em áreas cruciais. Será que o crescimento econômico tem sido suficientemente direcionado para o benefício dos cidadãos em termos de saneamento básico, emprego, educação, saúde e bem-estar? A prosperidade econômica, por si só, não garante uma qualidade de vida superior; são as escolhas de uma administração comprometida que realmente fazem a diferença.
Embora o aumento do PIB sugira avanços e deva ser comemorado, é fundamental avaliarmos se isso resultou em melhorias significativas na qualidade das escolas, nos programas educacionais e na formação de professores.
Além disso, é essencial que o crescimento econômico se traduza também em aprimoramentos na saúde e no bem-estar. O acesso a serviços médicos de qualidade e programas de promoção da saúde são determinantes para a qualidade de vida. Um PIB robusto não deve mascarar deficiências nos cuidados de saúde que afetam os cidadãos.
Saneamento básico, moradia adequada, transporte eficaz e segurança pública são componentes essenciais da qualidade de vida. A prosperidade econômica idealmente teria a obrigação de impulsionar melhorias nessas áreas, proporcionando um ambiente seguro e saudável para a população habitar.
Ao ponderar sobre esses aspectos, cabe questionar se a administração atual tem atendido adequadamente às necessidades da população. Afinal, um PIB em ascensão não deve ser um mero indicador estéril, mas sim uma alavanca para a melhoria da vida de todos.
À medida que nos aproximamos das eleições de 2024, é imprescindível que os eleitores ponderem sobre a trajetória de Itabirito. O futuro da cidade não depende apenas de estatísticas econômicas, mas da capacidade de criar um ambiente onde todos possam desfrutar dos frutos do desenvolvimento genuíno.
A mensagem é clara: a eleição futura deve ser uma oportunidade para os cidadãos de Itabirito avaliarem se esse PIB tem resultado em melhoria na qualidade de vida e a partir daí decidirem se desejam continuar no caminho atual ou buscar uma alternativa diferente. A responsabilidade está nas mãos do eleitor para moldar o futuro de acordo com as aspirações e necessidades de sua população.
Marcelo Rebelo é jornalista e editor do site Mova-se Inconfidentes