Moradores apreensivos tratam das barragens em reunião no Lions

Moradores lotaram o Lions para discutir os riscos das barragens

Em clima de medo, dúvida e muita apreensão, moradores de Itabirito lotaram na última sexta-feira (05), o auditório Lions para tratar dos riscos de rompimento das barragens de Forquilha I e III, localizadas em Ouro Preto, cujos rejeitos podem atingir Itabirito, inclusive o centro da cidade.

Os participantes decidiram promover um ato público, na próxima sexta-feira (12), além de exigirem que a prefeitura e a Vale melhorem a comunicação sobre a situação real de que possa ocorrer um desastre e os impactos disso na cidade.

A reunião foi conduzida pela advogada Celina Rodrigues que vê a situação como preocupante. Ela acha necessário que a população fique unida, se organize e decida quais as medidas a serem tomadas na esfera legal.


A advogada Celina Rodrigues conduziu o encontro

Segundo ela, a intenção do encontro foi ouvir as pessoas e discutir quais ações podem ser tomadas ante a iminência de um desastre. “Vamos ouvir os anseios de todos e lavrar uma ata de reivindicações para levar ao MP para as devidas providências”, explicou.

As pessoas que residem no centro de Itabirito estão apreensivas, pois há notícias de que os rejeitos podem chegar a 10 metros de altura. Elas foram aconselhadas a fazer um memorial descritivo de seus bens para futuro ressarcimento.

O padre Miguel Ângelo Fiorillo contou que na última semana participou de uma reunião na Assembleia Legislativa com a Comissão de Segurança Pública do Estado e saiu de lá preocupado com a falta de informações sobre a real situação das barragens e seus impactos.

“O poder público, sobretudo, o executivo está sendo incompetente no seu dever de informar com rapidez, transparência e clareza a população sobre a possibilidade de uma tragédia de grandes proporções se abater sobre nossa cidade”, desabafou.

O padre disse que o MP está preocupado com a vida e o patrimônio das pessoas, mas se a população não se unir os promotores não terão força para fazer o trabalho deles. Ele também denunciou que está havendo um lobby muito grande em favor da Vale.

O vereador Ricardo Oliveira também criticou a ineficiência do poder público em informar os munícipes da real situação das barragens. “O executivo tem falhado e muito em comunicar o que está de fato acontecendo e isso tem sido péssimo para a população, sobretudo os que estão na rota da lama”, falou.


Ricardo acusou a Comissão de Barragens da Câmara de agir de forma política e partidária

Ele também criticou a Comissão de Barragens da Câmara, que não atua de forma eficiente e sim de modo político e partidário. “Faz-se urgente que as autoridades apresentem para a população um mapa de prioridades nesse momento”, disse.

O empresário e morador do centro, Bruno Melillo, sugeriu que o executivo e o legislativo contratem uma auditoria para avaliar a real situação das barragens e os impactos na cidade em caso de rompimento.

Ao fim da reunião, algumas propostas foram aprovadas como: realizar novas reuniões, promover um ato público, cobrar um laudo efetivo das autoridades, exigir a melhora na comunicação efetiva das autoridades e levantar o patrimônio dos prováveis atingidos.

MP ajuíza ação contra Vale

A cidade de Itabirito, na Região Central de Minas Gerais, está em risco em caso de rompimento das barragens Forquilha 1, Forquilha 2, Forquilha 3, todas da Mina Fábrica, em Ouro Preto, município vizinho.

Este é o entendimento do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) que ajuizou uma ação civil pública na Justiça, com pedido de tutela de urgência, contra a Vale para solicitar medidas urgentes e a elaboração de um plano de emergência em relação aos três reservatórios. Para o caso de descumprimento das liminares a empresa terá que arcar com multa de um milhão de reais por dia.