Debate Morno com Candidatos na Zona de Conforto e Elio da Mata sem Propostas

Artigo de Opinião 

Itabirito foi palco, no ultimo sábado (21/9), de um esperado debate político entre os principais candidatos à prefeitura. Realizado na sede do Lions Clube e transmitido pela TV Itabirito, o debate reuniu Alex Salvador, Elio da Mata, Ricardo Oliveira, Tomás Toledo e Wilson do Grito, em uma discussão que, apesar das expectativas, revelou-se morna e pouco produtiva. Com a duração de quase três horas, o evento foi marcado por limitações de tempo para perguntas e respostas, o que claramente prejudicou o aprofundamento de questões mais complexas.

Entre os candidatos, um dos maiores desapontamentos foi Elio da Mata, atual vice-prefeito e candidato do governo. Esperava-se que ele defendesse com afinco o legado de Orlando Caldeira, atual prefeito, e apresentasse um plano claro para o futuro. No entanto, sua participação revelou um candidato desinteressado e com domínio superficial sobre os temas mais críticos da administração. O desconhecimento sobre seu próprio governo ficou evidente em certos momentos, especialmente em questões cruciais como os gastos exorbitantes com desapropriações e a polêmica obra do heliporto na UPA Celso Matos.

Quando questionado sobre os cerca de R$ 150 milhões gastos em desapropriações, Elio apresentou uma analogia infeliz, comparando a aquisição de imóveis pela prefeitura à situação de um inquilino que prefere comprar uma casa a continuar pagando aluguel. A explicação foi recebida com surpresa e constrangimento, uma vez que ele falhou em justificar a real necessidade de tais desapropriações, ignorando os problemas estruturais dos imóveis adquiridos, muitos dos quais precisarão de significativas reformas.

Outro momento crítico foi quando Elio tentou justificar a obra inacabada do heliporto da UPA. Em vez de assumir a responsabilidade, ele preferiu culpar a empresa contratada, ignorando que a licitação foi feita pelo próprio governo ao qual ele pertence. Essa postura demonstrou falta de conhecimento e representa a continuidade de uma gestão autoritária, que nao consegue reconhecer suas falhas e prefere transferir a terceiros sua dificuldade em atender as demandas urgentes da população.

O debate, que poderia ter sido uma oportunidade para os candidatos de oposição questionar Elio com mais vigor, foi desapontador nesse sentido. A zona de conforto predominou, faltando perguntas incisivas sobre a piora na saúde, o trânsito caótico, as terceirizações, a mudança de horário na prefeitura, as obras inacabadas, dentre outras.

Elio da Mata, por sua vez, deixou claro que sua candidatura representa uma continuidade do que já está em curso. Sem novas ideias ou propostas claras, sua campanha parece seguir o mesmo rumo da atual gestão, o que levanta preocupações sobre o futuro de Itabirito sob seu comando.

O debate serviu como um alerta: a população de Itabirito espera mais. Com o próximo encontro agendado para 1º de outubro, a expectativa é de que os candidatos saiam da zona de conforto e apresentem, de forma mais clara, suas visões e soluções para os problemas da cidade. Afinal, o futuro de Itabirito merece mais do que respostas evasivas e propostas vazias.

Marcelo Rebelo é jornalista e editor do site Mova-se Inconfidentes