Artigo de opinião
Conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), os governadores e prefeitos são os responsáveis pela adoção das medidas que entenderem necessárias ao combate do vírus chinês. Se, por um lado, a decisão, em tese, permite maior autonomia e adequação à realidade de cada localidade, por outro, desperta desconfiança e acende o sinal de alerta se comparamos os casos de sucesso e de fracasso.
As realidades de Minas Gerais e Espírito Santo, próximos geograficamente, trazem resultados bem diferentes. Ao fazer uma análise rápida da demografia de ambos, é natural pensar que Minas Gerais, que possui um território superior a dez vezes ao do vizinho e de população também maior em mais de cinco vezes, concentraria números maiores nas estatísticas da pandemia. Não é verdade!
Até a última terça-feira, data de fechamento deste artigo, o Espírito Santo registrara 10.889 casos confirmados e 487 óbitos contra 6.962 confirmações e 230 mortes em Minas Gerais. Números espantosos para um estado pequeno, mas que preferiu aderir às medidas mais drásticas que muitos outros adotaram e surtiram pouco efeito.
O primeiro decreto de fechamento de estabelecimentos comerciais, permitindo apenas serviços essenciais, foi publicado em 20/03 e esse cenário persistiu até o início de maio, quando foi adotada uma reabertura gradual, ainda longe do esperado pela população – que em grande parte não concordou com a medida de fechamento geral.
O governador Romeu Zema foi mais flexível nas regras da quarentena ao criar um protocolo por meio do Programa Minas Consciente para que prefeitos pudessem liberar o comércio em suas cidades, desde que fossem respeitados uma série de requisitos sanitários.
O desempenho melhor de um estado com dimensões de um país, num ambiente próximo a outro que apesar de pequeno parece não ter controlado bem a situação se justifica por quê? Sorte? Pode até ser um fator, embora não decisivo. Nesse caso, a boa gestão e a consciência de que não só a saúde importa sim, são motivos determinantes para o “caso do sucesso” mineiro.
Vinicius Martins é servidor público e conservador de direita