Emenda que reduz salário de prefeito e secretários pode lançar Itabirito no caos

Prefeitura de Itabirito

Artigo de opinião

A emenda assinada por sete vereadores visando a redução dos salários do prefeito e dos secretários não passa de demagogia e parece ter o objetivo de criar embaraços e tornar ingovernável a atual gestão.

A medida é perigosa e pode lançar a administração municipal num caos com consequências terríveis para toda a população de Itabirito.

Os sistemas educacional, de saúde, de transporte e a economia do município, por exemplo, podem entrar em colapso já ano que vem, quando a medida passa a valer, pela falta de profissionais qualificados para comandar tais pastas.

Pela proposta, o subsídio do prefeito passará de cerca de R$ 23.000,00 para R$ 15.000,00 bruto (R$ 11.000,00 líquido). Já um secretário, que recebe R$ 10.500,00 passará a ganhar R$ 6.100,00 bruto (R$ 4.600,00 líquido). O pagamento do vice-prefeito, que gira em torno de R$ 7.000, felizmente, foi mantido.

Pois bem, com um salário líquido de R$ 4.600,00 como o prefeito vai conseguir contratar um secretário para administrar uma pasta complexa como a da Saúde com um orçamento de cerca de 90 milhões de reais.

Quem vai se habilitar a chefiar uns 700 servidores, ordenar todo o orçamento da pasta e de quebra correr o risco de responder a processo e ainda a ter os bens indisponíveis. Não estamos falando aqui em corrupção e sim de algum mero erro administrativo.

É desanimador constatar como pessoas com o mínimo de inteligência e eleitas para legislar em prol da população possam crer que a redução salarial da chefia do executivo irá trazer algo de bom para a cidade.

Só pode se tratar de má fé ou de despreparo.

O corte de salários do prefeito e dos secretários pode render até uma mixaria de economia ao município, mas creio que salários menos atrativos vão atrair pessoas menos capazes para o executivo e isso será danoso.

Além do que, pode tornar-se um fator motivacional a incentivar os casos de corrupção na administração.

Essa emenda deixa claro que os vereadores a favor dela não têm a mínima noção do funcionamento da máquina pública. E o que está ruim pode sempre piorar. E nesse caso, a situação se torna ainda mais preocupante ao descobrir que há um pré-candidato a prefeito metido nessa irresponsabilidade.

Talvez a busca pela excelência dos serviços prestados à população não seja prioridade desses vereadores. Ou talvez, já saibam que não têm chance de serem eleitos e assim fizeram a medida com o único intuito de prejudicar o atual prefeito.

Outro ponto negativo é que a emenda se trata de uma facada nas costas dos efetivos, pois qualquer servidor que almeje fazer carreira na prefeitura não terá motivação nenhuma com esses salários.

O único alento dessa situação é que as máscaras vão caindo e um acontecimento desses serve para separar os políticos de verdade dos de mentira.

Nesse quesito, os vereadores de oposição Arnaldo dos Santos, Átila Morais e Max Fortes mostraram que a política verdadeira se faz com responsabilidade e o bem da coletividade está acima dos anseios particulares.

Vamos torcer para que os vereadores mudem de ideia e desistam dessa loucura. E pela enésima vez faço um apelo para que a população passe a acompanhar com mais rigor e atenção ao que se passa toda segunda-feira, naquela casa de leis.

Vale lembrar que o documento deu entrada na segunda-feira (6) e será colocado em primeira votação nesta quarta-feira (8) em reunião extraordinária.

E para finalizar, ressalto que sempre fui contra a redução salarial na esfera pública aqui de Itabirito. E para provar, compartilho dois artigos feitos em junho e julho de 2016 para o site Minuto Mais.

Marcelo Rebelo é jornalista e editor do site Mova-se Inconfidentes