Passadas duas semanas da eleição em Itabirito, chegou o momento de refletir sobre o resultado e as causas que levaram à derrota da oposição. Mais do que apontar culpados, é preciso entender os erros estratégicos para que o futuro político da cidade possa ser planejado de forma mais eficaz por aqueles que planejam competir com a “máquina”, no pleito de 2028.
O candidato do governo, Dr. Elio da Mata saiu vitorioso com (52,78%) dos votos, conquistando um apoio popular considerável e garantindo uma vitória que deixou os adversários atônitos. O ex-prefeito Alex Salvador e Ricardo Oliveira, obtiveram (23,53%) e (21,39%) dos votos, respectivamente, amargando uma derrota dura, que revela os erros estratégicos da oposição e oferece lições importantes para o futuro político da cidade.
A primeira e talvez mais significativa falha da campanha de Alex Salvador foi lançar-se na disputa com problemas jurídicos que culminaram no pedido de impugnação de sua candidatura. Apesar de uma campanha focada em propostas claras para o futuro de Itabirito, a candidatura foi ofuscada por questões judiciais. Ao longo da corrida, releases sobre temas jurídicos como embargos declaratórios, petições e peças de defesa tomaram o lugar de propostas concretas. Mesmo com toda a experiência política, uma estrutura de campanha sólida e um grupo político forte que o apoiava, essa dependência de soluções jurídicas foi um peso insustentável que afastou eleitores.
Outro fator para a derrota foi a divisão da oposição. Como ensinou o general romano Júlio César: é preciso dividir para conquistar – no entanto, a oposição itabiritense seguiu esse ensinamento à risca, dividindo suas forças e entregando a vitória ao adversário. Se Alex e Ricardo tivessem se unido, as chances de derrotar o oponente teriam dobrado. No entanto, a falta de uma aliança entre os dois foi fatal e demonstra a urgência de no futuro deixar as vaidades pessoais de lado em favor de uma estratégia eleitoral coesa.
Outro ponto negativo que contribuiu para o revés da oposição foi subestimar o adversário. A retórica de que a personalidade comunicativa dos dois candidatos contrários ao governo seria uma vantagem decisiva e que a introspecção do oponente seria um ponto fraco acabou não se concretizando. Como a história ensina, nem sempre o mais barulhento do grupo consegue o êxito – muitas vezes, o silêncio estratégico fala mais alto.
Uma eleição é, acima de tudo, um processo meticuloso que exige análise de cenários e dados científicos precisos. A campanha da oposição falhou ao recorrer a pesquisas e informações pouco confiáveis, muitas vezes destinadas a gerar impacto em redes sociais, mas sem lastro na realidade eleitoral. E isso foi fatal para um planejamento mais rápido e assertivo, sobretudo em respostas aos momentos de crise.
Nem tudo está perdido
A derrota da oposição deve servir como um alerta claro para aqueles que desejam disputar eleições em 2028. É preciso reconhecer os erros estratégicos, analisá-los com profundidade e construir, desde já, um grupo de think tanks capacitado para oferecer soluções mais eficazes no próximo embate eleitoral. Além disso, é fundamental que a oposição aprenda com essa lição e entenda que vencer a máquina requer mais do que barulho – exige planejamento, comunicação precisa e, sobretudo, a união de forças políticas que não se deixem fragmentar por vaidades pessoais.
Essa com certeza é a lição mais importante: vencer a máquina sem a união de forças é uma missão praticamente impossível. Mesmo que seja desafiador, os grupos de Alex Salvador e Ricardo Oliveira, que terminaram tecnicamente empatados, devem começar desde já a construir uma aliança sólida. As vaidades pessoais e disputas internas precisam ser superadas, pois ficou evidente que a divisão dos votos só fortalece o adversário. As articulações para essa união devem começar já em janeiro de 2025, com o objetivo de consolidar uma frente única até janeiro de 2028. Sem essa união estratégica, o atual grupo político de Elio da Mata tem grandes chances de se perpetuar no poder, deixando a oposição sem espaço para reagir e reconquistar a confiança do eleitorado.
O resultado desta eleição foi acachapante, mas, ao mesmo tempo, oferece à oposição a oportunidade de se reorganizar, deixar as falhas para trás e começar a pensar, desde já, em como conquistar o executivo de Itabirito em 2028.
*Marcelo Rebelo é jornalista e editor do site Mova-se Inconfidentes