Artigo de opinião
Vem aí recessão e demissão. A crise gerada pelo Covid-19 no Brasil poderá colocar nas ruas mais 8 milhões de desempregados, elevando o total a 20 milhões. Esses cálculos são do IBGE, que prevê a demissão de até 5 milhões de pessoas no setor do comércio. Outros 3 milhões devem vir dos demais.
Itabirito e região serão atingidos pela crise e quem fala o contrário não faz ideia do que está dizendo. Na realidade, algumas pessoas já sentem na pele o desemprego, assim que a epidemia deu as caras no Brasil.
Moradora de Itabirito e funcionária de um dos melhores restaurantes de Ouro Preto, uma colega, com três semanas contratada, recebeu na última sexta-feira (21), um comunicado de que ela e outros estavam sendo cortados num processo de demissão coletiva.
Na véspera, os cerca de 30 funcionários já tinham sido dispensados de ir trabalhar, já que o restaurante anunciou seu fechamento por tempo indeterminado, atendendo a decreto municipal. E caso, a situação perdure todos vão perder o emprego.
O dano econômico será certo e intenso e pode se manifestar em quebradeira de empresas sem precedentes, seguido de desemprego, desabastecimento, recessão, fome e violência.
O Brasil não tem estrutura econômica como os países europeus ou os Estados Unidos para manter a população por um longo período em casa sem trabalhar. E para piorar 38 milhões de pessoas fazem parte do mercado informal de trabalho.
Essa é a realidade, é com ela que estamos lidando e fazer comparações com outras realidades econômicas como a da Noruega ou da Suécia não passam de falácias.
Em face da gravidade, devemos colocar em pauta o quanto antes, a reabertura gradativa do nosso comércio local. Caso não haja possibilidade, o poder público deve dar uma perspectiva e oferecer um horizonte para o empresariado local.
A preocupação dos comerciantes cresce com o passar dos dias. Estão ficando sem receita e não devem aguentar por muito mais tempo sem arrecadar.
O atendimento ao público poderia acontecer com horário reduzido, adotando todas as medidas de segurança, com restrição da entrada de pessoas e o uso de álcool em gel, além das demais orientações feitas pelo Ministério da Saúde.
Mas antes, deve-se fazer um balanço para avaliar a curva de contágio e de mortalidade do coronavírus em Belo Horizonte e cidades próximas e se a situação permitir, a roda do comércio tem de voltar a girar.
Ao mesmo tempo, faríamos de tudo para preservar a saúde dos idosos e portadores do vírus, com o incremento de campanhas para que os grupos de risco fiquem em casa, no caso pessoas com mais de 60 anos, grávidas e os que têm alguma doença.
Quanto mais rápido reabrirmos o comércio mais teremos fôlego para uma retomada acelerada das atividades econômicas e isso significa, manutenção das empresas, dos empregos e da arrecadação municipal.
E vale lembrar que os servidores públicos não estão imunes às crises. A queda repentina e drástica de arrecadação pode resultar em perda de benefícios como o ticket alimentação, redução salarial e até demissão.
O momento ainda não é de desespero, mas devemos encarar a dura realidade que bate à porta com firmeza e deixar a demagogia e o sentimentalismo de lado.
Não podemos esconder a cabeça como o avestruz e achar que a crise vai passar longe de Itabirito. Já estamos nela e só não vê quem não quer.
Faz-se urgente começarmos logo a discutir a retomada de nossa economia e a reabertura gradativa do comércio é o primeiro item da pauta.
Marcelo Rebelo é jornalista e editor do Mova-se Inconfidentes