Os vereadores têm denunciado casos de nepotismo e o aparelhamento de cargos no executivo para benefício político de um grupo seleto. A questão deveria acender o sinal de alerta, pois põe em xeque um dos pilares do plano de governo do prefeito eleito: a gestão eficiente.
O que era conversa de bastidores ficou escancarada, na sessão do dia (21/10), quando o líder do governo, o vereador Leo do Social, assumiu na tribuna ter indicado não dezenas, mas centenas de currículos para cargos na prefeitura e que apadrinhados por ele hoje estão empregados.
Ele ainda disse que as indicações serviram para combater o desemprego e chamou de hipócritas os que o criticaram.
O anúncio não passou despercebido e teve consequências negativas ao reverberar nas redes sociais, nas ruas e sobretudo no legislativo.
O presidente da Câmara, Arnaldo dos Santos, avisou que vai sugerir aos pares criar uma comissão para tratar disso junto ao Ministério Público. O vereador Ricardo Oliveira anunciou já ter catalogado 44 casos de nepotismo no executivo e garantiu que irá denunciá-los à justiça.
Os vereadores, indiferente de corrente partidária, estão certos em criticar e têm a obrigação de denunciar qualquer indício de ilegalidade como a prática do nepotismo no preenchimento das vagas.
Nada contra as indicações para os cargos comissionados, pois o prefeito é um político-administrador e precisa se cercar de gente de confiança para conduzir seu projeto político e de gestão pública.
O erro é quando os cargos comissionados passam a ser objetos de barganha política a servir unicamente a um projeto de poder voltado a interesses próprios.
Administrar a máquina pública é coisa complexa e a fórmula clássica para fracassar é nomear incompetentes para os cargos comissionados de chefia e de assessoramento.
O prefeito Orlando Caldeira garantiu em campanha que a gestão eficiente e a nomeação por meritocracia e por critérios técnicos seriam regras no preenchimentos dos cargos.
Vale lembrar que a administração pública tem sua atividade voltada para um único objetivo: o bem comum da coletividade administrativa. Sendo assim, toda atividade desempenhada pelo gestor público deve estar orientada a este objetivo e não a fins particulares.
O nepotismo e o apadrinhamento para fins partidários são venenos poderosos para minar qualquer gestão eficiente. Felizmente, ainda dá tempo de corrigir rumos e reparar erros antes que seja tarde demais.