Senhoras e Senhores Prefeitos Eleitos!
Estamos a poucos meses de uma nova administração, e com a chegada de cada novo ciclo, surgem expectativas e incertezas. Nesse contexto, gostaria de compartilhar algumas reflexões, em nome dos que anseiam por gestões competentes, livres de corrupção, transparentes e focadas em resultados.
Primeiramente, reconhecemos o direito que os senhores têm de nomear pessoas de sua confiança para os cargos comissionados. Esse poder é inegável e faz parte da dinâmica política. No entanto, é fundamental que as nomeações, sobretudo para o primeiro escalão, sejam guiadas pela competência técnica. Cargos de secretários não podem ser ocupados por pessoas sem o devido conhecimento ou experiência prática na área. Essas posições são sensíveis e estratégicas, demandando uma liderança com formação técnica sólida, preferencialmente com um diploma correlato. Afinal, as escolhas para esses postos determinarão o sucesso ou o fracasso de suas gestões.
Além disso, se o prefeito eleito for sucessor do atual gestor, como muitas vezes acontece com o vice, é imperativo que faça uma verdadeira limpeza nos primeiros escalões, removendo aqueles que não contribuem para o bem público. Livre-se dos parasitas, corruptos, bajuladores e assediadores que apenas drenam os recursos e minam a moral da equipe. Um governo sério e comprometido com a ética não pode tolerar esse tipo de comportamento.
Nomeie para a Chefia de Gabinete uma pessoa de reputação ilibada, pois essa é a porta de entrada da administração e uma posição estratégica. Um chefe de Gabinete sem princípios morais pode ser devastador para a gestão, comprometendo as relações internas e externas, e semeando um ambiente de desconfiança e ineficiência. Este é um cargo que exige integridade máxima e responsabilidade, pois suas ações impactam diretamente o bom funcionamento de toda a máquina pública.
Outro ponto crucial é o equilíbrio das concessões políticas. Sabemos que a campanha deixa dívidas – promessas a serem cumpridas para vereadores, apoiadores e patrocinadores. Todavia, a governabilidade não deve ser refém dessas obrigações. Há uma linha tênue entre fazer política e comprometer a gestão com acordos excessivos, como lotear cargos para os vereadores aliados, que, no final, pesam no orçamento e nos resultados. Ser flexível é necessário, mas governar com foco em interesses particulares é uma rota segura para o fracasso. A função de um prefeito é, antes de tudo, zelar pelo bem-estar coletivo, e não atender a caprichos e interesses de grupos que financiam ou apoiam.
Da mesma forma, vale um alerta importante: não persigam aqueles que votaram em seus oponentes. Especialmente no serviço público, adversários políticos não são inimigos. Muitos servidores, mesmo com posições contrárias, podem ser aliados na construção de uma cidade melhor. A perseguição política, além de ser uma prática autoritária e ineficiente, mina a moral das equipes e prejudica a prestação de serviços à população. Tratar todos com justiça e respeito, independente de suas preferências eleitorais, é a marca de uma liderança madura e visionária.
Portanto, senhores e senhoras prefeitos, este é um chamado à responsabilidade. O sucesso de suas gestões dependerá não só das promessas que fizerem, mas das escolhas que adotarem ao longo de seus mandatos. Nomear pessoas qualificadas, governar com equilíbrio, respeitar a todos, sejam aliados ou opositores, e focar no bem comum são passos essenciais para não apenas conquistar o poder, mas mantê-lo com dignidade e honra.
O futuro de suas cidades está em suas mãos. Não desperdicem essa oportunidade.
Atenciosamente,
Marcelo Rebelo jornalista e editor do site Mova-se Inconfidentes