Artigo de opinião
A credibilidade da Comissão Processante, responsável por investigar possível prática de improbidade administrativa praticada pelo vereador Pastor Anderson Martins, foi colocada à prova com a grave acusação de agir com parcialidade ao “decidir ouvir somente as testemunhas indicadas pelo denunciado”.
A Comissão se reuniu, na manhã de 2ª feira (5), para as oitivas das testemunhas, porém as notícias que vieram de lá foram preocupantes e acenderam o sinal de alerta.
Segundo o site Jornal Minas, em matéria publicada na 3ª feira (6), o advogado do denunciante, Mariel Marra, entregou uma relação de nomes a serem convidados a prestar depoimento e que poderiam elucidar ainda mais o caso, contudo a Comissão Processante, formada pelos vereadores Léo do Social, Paulinho e Igor Nego Liso decidiu ouvir apenas as testemunhas indicadas pelo vereador Anderson Martins.
O advogado Dr. Mariel Marra publicou um vídeo, no mesmo dia, lamentando a decisão que cerceou o trabalho dele e colocou mais lenha na fogueira ao também colocar em cheque a credibilidade da Comissão Processante.
Dr. Mariel acusou os três vereadores de se negarem a ouvir testemunhas da acusação e de se recusarem a receber uma juntada de documentos, dentre as quais, um parecer jurídico do Saae de Itabirito, que comprovava a prática do delito, na opinião dele.
E o que está ruim pode sempre piorar, a Assessoria de Imprensa da Câmara publicou uma matéria sobre o assunto na 2ª feira (5), dizendo que foram ouvidas as testemunhas de defesa, mas não se deu ao mínimo trabalho de explicar por que as testemunhas de acusação não foram chamadas e ouvidas.
As acusações da falta de imparcialidade no processo são muito graves e os integrantes da Comissão deveriam se explicar, logo, para não haver dúvidas sobre a lisura dos trabalhos.
Tanto ao denunciado, quanto ao acusador devem ser dados os mesmos direitos no processo. Não faz nenhum sentido ouvir somente as testemunhas de defesa e ainda negar a apresentação de documentos da outra parte, que seriam relevantes ao processo.
Não custa nada lembrar que os vereadores da Bancada do Povo: Paulinho e Igor Nego Liso, relator e membro da Comissão, se comprometeram em discursos no Plenário a agir de forma ilibada, imparcial e republicana nesse processo.
Os políticos de nossa cidade a cada dia perdem mais credibilidade e parece que em Itabirito o fundo do poço da prática política tem sempre um alçapão para se descer ainda mais.
Esperemos que tais denúncias de parcialidade no processo não sejam o prenúncio de que a tenda do circo já está sendo armada e os palhaços seremos nós: a população de Itabirito.
Marcelo Rebelo é jornalista e editor do site Mova-se Inconfidentes