Derrotar a abstenção é o grande desafio dos candidatos em 2020

Abstenção deve ser a vilã destas eleições

Artigo de opinião

Neste ano a construção de um candidato vai requerer muito mais do que promessas. Teremos uma eleição marcada pelo ineditismo de ocorrer em meio a uma pandemia, que deve provocar como principal efeito uma grande abstenção na votação.

Os candidatos que colocarem os nomes nas urnas vão sentir a necessidade de mudar o velho script de promessas vazias para convencer o eleitorado de que representam a melhor opção. Desta vez, antes de pedir o voto, será preciso primeiro persuadir o eleitor a sair de casa para ir votar.

Esse desinteresse já deu as caras aqui em Itabirito. Na eleição extemporânea, de setembro de 2019, a abstenção disputou voto a voto com os candidatos a prefeito Orlando Caldeira e Arnaldo dos Santos.

Um total de 31.031 eleitores de Itabirito foi às urnas, representando 77% do eleitorado apto a votar na eleição suplementar, (o eleitorado referente ao pleito era de 40.299). O percentual de abstenção ficou em 23% (9.268 eleitores). Foram contabilizados 1.536 votos em branco (4,95% dos votos) e 2.727 votos nulos (8,79%).

A preocupação quanto a abstenção já bateu à porta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O atual presidente da corte, ministro Luís Roberto Barroso, já sinaliza que a multa por não comparecimento poderá ser abonada.

Além da descrença na política e a crise do vírus chinês há outros elementos que precisam ser considerados pela capacidade de impactar nas eleições deste ano.

Um deles é que a campanha deverá ser ampliada na internet devido ao esvaziamento de comícios e aglomerações por causa do vírus chinês. E como consequência vai ganhar força o engajamento nas redes sociais, saindo na frente o candidato que conseguir gerar debates e polarizações.

O problema é que muitas vezes o barulho nas redes sociais é ilusório e pode não se materializar em votos com a mesma intensidade.

A soma de todas essas variáveis vai trazer um cenário experimental do voto facultativo no país. Pois mesmo com a reabertura econômica e as pessoas voltando a se aglomerar o eleitor deve não demonstrar a mesma animação para ir às urnas.

O TSE prevê que o aumento da abstenção vai impactar nos quocientes eleitorais e nas chamadas linhas de corte. Dessa forma, vereadores serão eleitos com muito menos votos do que precisaram obter em 2016.

Marcelo Rebelo é jornalista e editor do site Mova-se Inconfidentes