Parece que muitos eleitores inicialmente avessos a Bolsonaro não querem a alternativa de serem governados por um poste que recebe ordens de dentro da prisão, nos mesmos moldes do PCC.
A estratégia de personificar o antipetismo foi um bom negócio para Jair Bolsonaro. A sequência das últimas pesquisas mostra que o sentimento de aversão ao PT ainda é a principal turbina do candidato do PSL e permitiu que ele rompesse o patamar que alguns adversários consideravam seu teto.
Um recente levantamento do Datafolha apontou que 57% dos eleitores que rejeitam Fernando Haddad votam em Bolsonaro já no primeiro turno. Em abril, assim que Lula foi preso, o deputado capturava apenas 31% daqueles que diziam não votar no ex-presidente “de jeito nenhum”.
O candidato do PSL construiu as bases de sua candidatura em segmentos tradicionalmente avessos ao PT, como os mais ricos e eleitores com curso superior. Ele chegou a dar sinais de estagnação nesses nichos, mas voltou a abrir caminho.
Essa polarização tende a ficar mais acentuada, pois tudo indica que o segundo turno ficará entre Bolsonaro e Haddad, e como consequência os eleitores de Amoedo, Daciolo, Alckmin e Meireles tendem a migrar para o candidato do PSL ainda no primeiro turno.