A pandemia do novo coronavírus alterou bruscamente a rotina de todas as pessoas. No ambiente escolar, como medida preventiva, as aulas deixaram de ser presenciais e passaram a ser ministradas remotamente. Essa nova rotina, aliada ao período de isolamento social, tem causado sobrecarga de trabalho e impactado na saúde mental de professores, de alunos e das famílias.
Durante sua participação no 22º Congresso Internacional de Educação da LBV, a doutora e mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Camila Leon, compartilhou sua experiência e apresentou dicas interessantes sobre os cuidados com a saúde mental. Ela explicou que é preciso, antes de tudo, superar o período de isolamento social e suas consequências, pois acredita que todos estão sobrecarregados ao ter de conciliar home office com as tarefas de casa e os cuidados com os filhos, animais de estimação, pais ou companheiros, o que tem exigido muito de todos. Não à toa, especialistas alertavam, já em março, para os efeitos da quarentena à saúde mental das pessoas. “Estresse e ansiedade mais do que dobraram no período de pandemia; quadro de depressão tende a se agravar”, reiterou.
A dra. Camila apresentou também dados de uma pesquisa feita pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal sobre a situação das crianças, que apontou a dependência excessiva delas com os pais; que estão preocupadas e com problemas de sono ou pesadelo; que apresentam desconforto, agitação, sintomas de falta de atenção e, ainda, falta ou excesso de apetite. E ela alertou: “Precisamos olhar para esse contexto e pensar nas consequências, não só para os adultos, mas também para as crianças”.
A psicopedagoga explicou ainda que, quanto mais baixo for o nível de nosso estresse, mais baixo será o estresse das pessoas que nos cercam e que devemos cuidar não só da nossa saúde mental, mas também daqueles que dependem da gente e que estão na mesma casa. Ela deu algumas dicas para ajudar a manter a saúde mental em dia, entre elas:
— Abra margem para o diálogo e encontre alguém com quem possa conversar sobre o que está sentindo;
— Evite noticiários que fazem a pessoa se sentir em pânico ou que aumentem os sintomas de ansiedade;
— Dê um tempo para o descanso e faça atividades que tragam bem-estar;
— Valide a emoção do outro, ouvindo mais as pessoas próximas para evitar a tristeza;
— Faça uma pausa! Feche os olhos, inspire e respire.
— Acalme-se! Antes de tomar decisões, pare, pense na situação e faça exercícios de relaxamento para ter uma melhor resposta.
A dra. Camila ainda indicou técnicas para utilizar com as crianças e que os adultos também podem fazer, como, por exemplo, a da “Flor e da vela”. “Você vai pedir para ela [criança] cheirar a flor (inspirar) e apagar a vela (expirar). Você pode fazer isso mais de uma vez, para que a criança aprenda a se acalmar e mande essa resposta fisiológica para o cérebro”, disse.
Outra técnica importante e que é conhecida como “Técnica da tartaruga”, de Meltzer, é fazer com que a criança reconheça seu sentimento, pelo menos as seis emoções básicas: alegria, tristeza, nojo, medo, vergonha e raiva; que pare e pense; reflita e respire fundo três vezes; e pense em uma solução. “Essas são algumas dicas para você se organizar, pensar em como melhorar a saúde mental, não só para você, mas para todos que dependem de vocês”, destacou a pedagoga.
Vale ressaltar que a dra. Camila Leon é também pós-graduada em Psicopedagogia (UPM); pós-graduada em Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa (UNITAU); graduada em Letras/Língua Portuguesa (UNIVAP) e em Pedagogia (Claretiano-Centro Universitário); e membro do Grupo de Pesquisa em Neuropsicologia Infantil da Universidade Presbiteriana Mackenzie.