Artigo de Opinião
A Anvisa aprovou, no último domingo (17/01), o uso em caráter emergencial das vacinas Coronavac e Oxford/AstraZeneca no combate ao vírus chinês. Em que pese serem alternativas, assim como o importante tratamento precoce, a notícia da aprovação mostrou que a torcida de muitos não é pela vacina em si, mas em um possível ganho de capital político por trás dela.
Políticos, influenciadores, personalidades e mais outros grupos trataram o fato não como um avanço, mas uma derrota de bolsonaristas, do próprio presidente, dos negacionistas e anti-vacina. Os mais exaltados inclusive chegaram até a atribuir à Anvisa funções que nem são dela para levar à frente suas narrativas.
Num primeiro momento é preciso esclarecer que mesmo com a aprovação do uso emergencial, as vacinas não foram totalmente chanceladas para o uso.
Segundo a própria agência, um Termo de Compromisso “determina que, até 28/2, seja realizada e apresentada à Anvisa a complementação dos estudos de imunogenicidade”. “Tanto a Fiocruz quanto o Instituto Butantan devem dar continuidade aos estudos e à geração de dados para permitir o registro sanitário na Anvisa”. Ou seja, o que será aplicado nos brasileiros não é tão seguro e eficaz como pregam muitos por aí.
Sobre a negativa ao tratamento precoce apontado pela Anvisa, mais uma mentira. Inclusive isso nem está na esfera de competência dela: compete ao Conselho Federal de Medicina editar normas para definir o caráter experimental de procedimentos em Medicina, autorizando ou vedando a sua prática pelos médicos. É o que diz a Lei 12.842/2013. A Anvisa não é órgão médico nem regula tratamentos.
Aos que esperam uma vacinação compulsória, lamento dizer-lhes que ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Aliás, eu não, o Código Civil é direto ao usar esses termos.
No fim das contas, uma certeza: você percebe que a humanidade está indo ladeira abaixo quando vê que ao invés de mostrarem otimismo com uma liberação emergencial de uma vacina preferem dizer que fulano ou sicrano perdeu. Esperar o que desse tipo de gente? Eu espero nada.
Vinícius Martins é servidor público e conservador de direita