Artigo de opinião
A notícia de que o prefeito Orlando Caldeira teve de exonerar 10 servidores por nepotismo e que outros mais serão desligados trincou o pilar da gestão eficiente, um dos quatro eixos básicos dessa administração.
A medida atendeu a recomendação do Ministério Público (MP), por meio de um Termo de Ajuste de Condutas (TAC), assinado em 2015, e também devido a denúncias de alguns vereadores.
As exonerações são positivas e merecem ser aplaudidas. Elas mostram que Judiciário e Legislativo estão vigilantes em suas funções fiscalizadoras. A medida contribui também para aumentar a eficiência na gestão pública.
Alguns partidários do atual grupo político tentaram culpar a administração passada e os vereadores que tiveram parentes exonerados. Tal versão, além de desonesta não passou de falácia e nem foi levada a sério.
Não é possível crer que o mandatário ao tomar posse desconhecesse o TAC e os casos de nepotismo. Deveria ter se valido do aval do MP e amparado na promessa de uma gestão eficiente ter exonerado de uma canetada só os servidores envolvidos na irregularidade.
O interessante é que apoio popular para tal medida havia de sobra. Porém, o chefe do executivo parece ter se esquecido que a má prática foi muito criticada por ele durante a campanha.
A questão do nepotismo já era uma tragédia anunciada e integrantes do andar de cima do atual grupo preferiram fazer ouvidos de mercador e o nepotismo foi tratado de forma zombeteira por alguns.
O ex-líder do prefeito, vereador Leo do Social, assumiu na tribuna ter indicado uma centena de pessoas para cargos na prefeitura, inclusive parentes. Ainda disse que as indicações serviram para combater o desemprego e chamou de hipócritas os que o criticaram.
O chefe de gabinete do executivo, Lucas França de Oliveira, o Luquinhas, um dos responsáveis diretos pelas nomeações dos cargos em comissão, trilhou o mesmo caminho do escárnio.
Em sabatina na Câmara, ao ser questionado sobre o nepotismo na gestão, inclusive com a nomeação do irmão para cargo de engenheiro no Saae, eximiu-se da responsabilidade, colocou a conta nas mãos dos secretários e ainda garantiu que a nomeação do parente o pegou de surpresa.
A nomeação de parentes para cargos públicos é uma prática nefasta ao substituir a lógica do mérito profissional pela do compadrio, ou seja, a competência técnica é trocada pelos laços de parentesco.
A gestão pública necessita de gestores ávidos por fazer a diferença e colocar os interesses da população no centro de suas decisões. O combate ao nepotismo é o primeiro passo para uma gestão eficiente e profissional.
Marcelo Rebelo é jornalista e editor do Mova-se Inconfidentes