Artigo de Opinão
Com a proximidade das eleições de 2024, as atenções se voltam para as mudanças nas regras eleitorais que prometem impactar o cenário político municipal. Uma dessas mudanças é a diminuição do número de vagas nas nominatas de vereadores, o que pode gerar um cenário desafiador, especialmente para candidatos de primeira viagem.
Anteriormente, as vagas para candidatos a vereador eram calculadas de acordo com percentuais, permitindo que os partidos lançassem até 150% do número de cadeiras na Câmara local. No entanto, as novas regras eleitorais estabelecem um limite de apenas 100% do número de cadeiras, acrescido de mais uma vaga. No caso de Itabirito, em 2020 cada partido pôde lançar até 20 nomes, agora nas eleições de 2024 poderá lançar apenas 14 nomes, visto que a Câmara de Vereadores é composta por 13 vereadores.
Diante dessa nova realidade, um dilema emerge para os postulantes novatos: a estratégia partidária ganha uma importância ainda maior na busca pelo sucesso eleitoral. Especificamente, essa complexidade torna-se mais evidente para aqueles que pensam em se filiar a legendas com candidatos veteranos que já demonstraram um desempenho eleitoral considerável em eleições passadas.
Tomemos como exemplo o atual vereador Leo do Social e a secretária Municipal de Assistência Social, Rose da Saúde. Na eleição anterior, ambos se candidataram no mesmo partido, conquistaram cerca de 800 votos cada, mas apesar do sinal claro de força em angariar o apoio do eleitorado, só um deles se elegeu. Dito isso, fica claro que as novas regras eleitorais têm o potencial de transformar esses políticos veteranos em verdadeiros “imãs de votos”, ainda mais com o apoio da máquina pública, atraindo votações expressivas que os colocariam com chances imensas de conquistarem uma cadeira no legislativo municipal de Itabirito.
Isso levanta uma preocupação legítima para os aspirantes novatos, pois ao se filiar a partidos que contam com a presença de tais veteranos de alto desempenho, há um risco real de se tornarem meramente “escadas” para a eleição desses veteranos. Em outras palavras, seus esforços podem acabar direcionados apenas para impulsionar os votos dos candidatos já estabelecidos, enquanto suas próprias chances de vitória são reduzidas substancialmente a zero.
O quadro que emerge sugere uma abordagem estratégica mais assertiva para os novos postulantes. Optar por se filiar a partidos com candidatos que não tenham obtido votações tão expressivas pode ser uma escolha muito mais vantajosa. Em tais circunstâncias, todos os candidatos teriam chances mais equitativas de triunfar, já que a dispersão dos votos seria mais balanceada, sem a presença de um ou dois candidatos que concentram a maioria dos apoios do eleitorado.
Outro problema é que a nova regra pode gerar uma dinâmica que não favorece a renovação política e pode desestimular novas lideranças a ingressarem na vida pública. Afinal, é compreensível que candidatos de primeira viagem busquem uma efetiva oportunidade de serem eleitos, e não apenas um papel secundário como puxadores de votos para outros candidatos mais conhecidos.
Dessa forma, os partidos que até então se beneficiavam com um grande número de candidaturas, como uma estratégia para atingir o quociente eleitoral e garantir mais vagas, deverão melhorar seus critérios de escolha, optando agora por candidatos de potencial elevado de votos para sobreviverem ao novo cenário.
Ou seja, as novas regras eleitorais trazem um desafio significativo para aqueles que desejam entrar na política como candidatos novatos. A estratégia partidária se torna um fator crucial, e a escolha por se filiar a partidos com candidatos menos votados pode representar uma abordagem mais promissora para alcançar a vitória nas eleições de 2024.
Marcelo Rebelo é jornalista e editor do site Mova-se Inconfidentes