E não é que nem bem se passaram as eleições, e o palco da Câmara de Itabirito já começou a ferver? Afinal, a eleição da mesa diretora só acontece em 1º de janeiro, mas as disputas — ou seria mais correto chamar de “batalha de egos”? — já estão a todo vapor pelo controle da presidência do Legislativo.
Segundo informações de bastidores, a base do governo já tem dois interessados. De um lado, Marcio Juninho, o vereador mais votado. Do outro, Leo do Social, veterano de quatro mandatos. Ambos, claro, com os olhos brilhando e a ambição afiada pelo prestigioso controle da Casa Legislativa. Uma disputa boa entre dois nomes fortes e que promete ameaças, ranger de dentes e choros.
Mas não se enganem: no fim, todos sabem que o acordo é inevitável. É praticamente uma tradição. O perdedor? Não sairá de mãos abanando. Afinal, nada pode abalar o equilíbrio da frágil base governista; tem muita coisa em jogo para correr o risco de um racha. Com certeza, o ego de alguém vai ter que ceder um pouco, mas desde que a influência cresça na mesma proporção, por que se preocupar?
Agora, quem já começou a ser assediado foi o recém-eleito Ézio Pimenta, do Solidariedade. A base do prefeito já foi sondá-lo, buscando apoio para garantir uma vitória tranquila. Afinal, quem não quer um voto garantido? No entanto, o próprio futuro vereador e o presidente do partido, Ricardo Oliveira, um veterano no entendimento dos bastidores, já mandaram o recado: o Solidariedade será oposição. Qualquer conversa em direção ao governo vai passar pelo crivo do partido. Parece que a intenção de Ézio e do presidente é respeitar a vontade do eleitor que votou contra o governo.
Enquanto isso, a oposição, com seus míseros cinco vereadores de uma casa com 15, assiste a tudo praticamente de mãos atadas. Não tem a menor chance de realmente vencer, mas certamente vai lançar uma chapa “para constar” — afinal, estar lá é importante, mesmo sem chances. Eles sabem que, em minoria, têm grandes chances de serem simplesmente esmagados pelas decisões da maioria. Não vai ser fácil. Se a oposição quiser ter alguma relevância nos próximos quatro anos, terá que ser afiada, buscando jogar nos intervalos entre os acordos, naquelas brechas de descontentamento que surgem aqui e ali.
E não pense que a coisa será simples entre o Legislativo e o Executivo. Com um perfil mais firme do que o do antecessor, o futuro prefeito talvez não ofereça aos vereadores o tradicional pacote de bondades e favores, aliás, uma prática comum nos quatro cantos do país. Esse toma lá dá cá não deve ser tão fácil, e os vereadores da base pode ser que precisem se acostumar a ouvir um ou dois “nãos” e a resposta deles para o executivo pode ser bastante imprevisível.
Em 2025, talvez tenhamos um espetáculo emocionante. Vereadores mal-acostumados, que sempre colheram frutos sem plantar, agora terão que lidar com um prefeito que talvez não esteja tão disposto a abrir a porteira do pasto público tão facilmente. Será interessante ver como eles vão se adaptar a um cenário em que “não” pode passar a fazer parte do vocabulário. Já a oposição, com sua minoria absoluta, terá o papel de coadjuvante nas eleições da mesa diretora, nas comissões importantes e nas votações. Para se manter relevante, terá que ir além de vídeos performáticos no TikTok — porque, convenhamos, likes não aprovam projetos nem garantem espaço político.
O show, meus caros, está só começando.
*Marcelo Rebelo é jornalista e editor do site Mova-se Inconfidentes