Vereadores de Itabirito, na região metropolitana de Belo Horizonte, solicitaram, por meio de ofício à presidência da Câmara Municipal, uma investigação contra o prefeito do município, Alex Salvador (PSD). O documento é assinado pelos vereadores Ricardo Oliveira (PPS), Rose da Saúde (PSDC) e Léo do Social (PHS). O pedido ocorreu após a divulgação de um áudio, nas redes sociais, que seria atribuído ao prefeito, em que ele explicaria ter influências do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) para conseguir decisão favorável em um processo ao qual ele e o vice, Wolney Pinto de Oliveira (DEM), respondem.
“Amanhã, se a gente não tiver garantido os seis votos, nós vamos inclusive pedir vista no processo, para que daqui dois, três, quatro meses, sei lá quanto tempo, ele volte para a pauta. Por que nós temos isso muito bem pavimentado. Porque subindo para o TSE com 6 a 0 é mais fácil chegar lá com uma força maior ainda do que a gente já tem. Porque 4 a 2, por exemplo já está garantido. Eu falo garantido porque eu tenho consciência disso. Nós temos os nossos advogados pra isso. Temos a nossa influência lá para isso”, teria dito o prefeito, referindo-se ao TRE-MG.
De acordo com os vereadores, o áudio foi amplamente divulgado nas redes sociais, dias antes do julgamento. “O ofício foi encaminhado ainda durante o recesso da Câmara. Na primeira reunião, no dia 4 de fevereiro, a presidência solicitou uma resposta do prefeito, porém não definiu como ela seria feita. Estamos aguardando”, afirmou o vereador Ricardo Oliveira.
Apesar da suposta influência citada na gravação, o TRE-MG decidiu, no dia 21 do mês passado, por seis votos a zero, cassar o mandato do prefeito e do vice. De acordo com o processo, na última semana, eles entraram com recurso e aguardam decisão. A ação foi movida pelo Ministério Público Eleitoral (MPE). O órgão identificou que, nas eleições municipais de 2016, os chefes do Executivo de Itabirito teriam recebido doações financeiras para a campanha de empresas que prestam serviço de transporte no município. De acordo com o MPE, as empresas doadoras teriam utilizado funcionários, sócios e parentes de diretores para realizar a transação.
No entendimento do TRE-MG, Alex Salvador e Wolney Pinto cometeram abuso de poder econômico e captação ilícita de recursos financeiros para a campanha de 2016. O Aparte solicitou à assessoria da Prefeitura de Itabirito um posicionamento sobre o áudio, entretanto até o fechamento desta matéria não havia obtido resposta. A coluna também entrou em contato com a Câmara Municipal para obter um posicionamento do presidente da Casa, vereador Arnaldo Pereira (MDB). Em um primeiro momento, foi informado que ele estaria em uma reunião. Minutos depois, em um novo contato, um funcionário disse que ele não estaria mais no local e pediu que o retorno fosse feito hoje.
A assessoria de imprensa do TRE-MG informou que o tribunal não recebeu nenhuma denúncia formal sobre o suposto áudio do prefeito e, por isso, o órgão não comentaria o caso.
O Tempo
Bruno Menezes: coluna Aparte