Artigo de Opinião
Em um cenário político repleto de desafios e incertezas, as eleições de 2024 em Itabirito, podem ser marcadas por uma mudança significativa. A recente notícia de que os moradores da invasão de Água Limpa, vão ter acesso a escola, creche, posto policial, Unidade Básica de Saúde (UBS), campo de futebol e Centro de Referência de Assistência Social (Cras), devido ao processo de regularização fundiária em andamento, deve gerar um impacto político notável nesse pleito, trazendo novas perspectivas e oportunidades tanto para os cidadãos quanto para os grupos políticos envolvidos.
A concessão de reconhecimento da localidade deve trazer condições para os moradores poderem, finalmente, transferir seus títulos de eleitores para Itabirito, tornando-se assim aptos a exercerem o direito ao voto nas eleições municipais vindouras. A estimativa é de que, na pior das hipóteses, cerca de 2 mil famílias estejam habilitadas a participar do processo eleitoral, o que pode resultar em um expressivo contingente de 5 a 6 mil votos.
Nesse contexto, é inegável que o grupo político do atual prefeito é o mais favorecido pela situação. Ao ter trabalhado em prol da comunidade de Água Limpa e contribuído para o reconhecimento da localidade pelo poder público, acabou conquistando a confiança e a gratidão dos moradores. Em contrapartida, a oposição se viu agora em total desvantagem, uma vez que historicamente negligenciou os anseios dessa localidade, relegando seus moradores a um tratamento de marginalização.
A situação fica ainda mais complexa para a oposição quando consideramos que Água Limpa é uma área “atípica” em termos de segurança. A falta de policiamento cria um ambiente de insegurança e receio para a atuação política, tornando difícil a penetração do grupo de oposição para fazer campanhas e difundir suas propostas. Essa conjuntura cria um desafio adicional para a oposição, que precisará encontrar estratégias inovadoras para alcançar os eleitores locais e fazer-se presente em um território que não lhe é acessível.
Ademais, o reconhecimento oficial também traz a oportunidade para os moradores de Água Limpa de elegerem vereadores da localidade que os representem diretamente. Não será mais necessário terceirizar seus mandatos para representantes vindos de fora. Essa conquista aumenta a representatividade política da comunidade, garantindo que suas vozes sejam ouvidas e seus interesses sejam defendidos por aqueles que compreendem realmente suas necessidades e aspirações e não por oportunistas de momento.
Entretanto, para além dos impactos políticos, é fundamental destacar as benesses que o reconhecimento oficial trará aos moradores de Água Limpa. Fruto de invasões ocorridas há anos, a localidade era a menos assistida pelo poder público, o que resultou no abandono de 6 mil famílias, divididas entre Itabirito e Nova Lima. Com a regularização fundiária, essa realidade começará a mudar, pois a instalação de infraestrutura proporcionará uma melhoria substancial na qualidade de vida dos habitantes locais.
Não obstante os avanços, é preciso reconhecer que o processo de regularização fundiária e seus desdobramentos eleitorais também demandam atenção às questões de segurança. A falta de policiamento na região requer uma abordagem cuidadosa por parte das autoridades, a fim de garantir que a democracia seja preservada e que os cidadãos possam exercer seu direito ao voto de forma livre e segura.
Resta-nos observar como essa nova dinâmica política se desenrolará e quais impactos trará para o futuro de Itabirito. Uma coisa é certa: a oposição, que até agora continua em estado de inércia e apatia, esperando a vinda de um “salvador” tudo indica terá pela frente mais um duro obstáculo para vencer a batalha rumo ao executivo.
Marcelo Rebelo é jornalista e editor do site Mova-se Inconfidentes