Artigo de opinião
A saída de Sérgio Moro do governo, sobretudo, pelos motivos apresentados é péssima para o país e um balde de água fria nos que, como eu, depositaram as esperanças que este governo poderia dar certo.
O ex-Ministro é o símbolo do combate à corrupção e ajudou a combater a criminalidade no país.
O pior é que ao anunciar sua saída, Moro fez acusações de interferência política na Polícia Federal pelo presidente Jair Bolsonaro.
E o mais decepcionante é vermos ser esta mais uma crise criada pelo próprio Bolsonaro. Nesse ponto, ele é digno de elogios, pois tem sido extremamente bem sucedido em promover uma autocombustão no próprio governo.
Todas as graves crises governamentais foram causadas por ele próprio e por seus três filhos, na verdade uma reencarnação dos três patetas.
Bolsonaro parece não ter dimensão da importância e estatura do cargo que ocupa, porta-se como um político de um município sem relevância, em busca de likes.
O mais incômodo é que Bolsonaro montou um ótimo time técnico nos primeiros e segundos escalões, sua equipe tem tentado promover reformas importantes, a economia vai bem, não há o toma lá dá cá com o Congresso e até agora a mídia não relatou nenhum caso de corrupção.
A crise provocada pela saída de Moro não traz apenas reflexos políticos. Ela coloca incertezas sobre a capacidade de Bolsonaro em seguir com a agenda de reformas e adiciona um novo grau de pessimismo econômico em uma atividade que caminha para a recessão.
Bolsonaro conseguiu de quebra fortalecer e dar muita munição para os opositores. O capital político que Moro trouxe ao governo se esfacelou. Nesse momento, os inimigos acirram, incentivam e comemoram esses danos.
Ou, como ensinava Júlio Cesar: divida e governe.
Por isso, tenho convicção de que a saída de Moro é sim lamentável para a causa que espelhava a esperança de milhões de brasileiros: o fim da impunidade, um país sem corrupção e mais seguro para todos.
Moro pode ser um herói para alguns e traidor para outros. O certo é que Maia e Alcolumbre continuam na Câmara e no Senado rindo muito e mais fortes do que antes, prontos para manter nosso país como sempre foi: um gigante carcomido pela corrupção.
Marcelo Rebelo é jornalista e editor do site Mova-se Inconfidentes