“Soldado sem bandeira. Jogador sem torcida. Fiel sem um Deus que zele por ele. Soldado de uma guerra de outros, com todas as miras em sua direção. Vítima das falácias reducionistas de uma mídia que denuncia seus delitos, mas se cala diante das inúmeras barbáries que sofre do Estado e sua casta de privilegiados”.
Assim se inicia o prefácio do livro Soldado sem bandeira, nascido de uma necessidade e dever do autor. Após cinco anos de trabalho com jovens que cometem atos infracionais e suas famílias se fez urgente mostrar o outro lado da história, e que atrás da imagem de vilão construída, há sentimentos, relações familiares, ausências, racismo e inúmeras violações institucionais que constroem esse soldado. Sem bandeira porque ele está sozinho, entre a polícia, o tráfico e uma sociedade que só vê seus erros.
Os capítulos do livro são divididos de forma a falar primeiro com os jovens e suas famílias. Sempre no formato de textos curtos, em poesia e prosa marcados por testemunhos, reflexões e falas dos jovens e suas famílias. Na sequência, o autor fala com sua classe profissional de trabalhadores sociais, polícia, educadores, governos, mídia, judiciário e todas as instituições que impactam na construção desse jovem. Por fim, fala das drogas, dos sentimentos e sonhos (ou ausência deles) presentes nessas relações.
Soldado sem bandeira é uma obra de contestação, que vai na contramão do discurso fácil e mera punitivo que tem como principal alvo o jovem da periferia. Ao mesmo tempo, ela fala de forma direta que há outros caminhos, entendendo os percalços que se colocam na vida desses meninos, mas mostrando que eles não podem servir de muleta para fracassos e que existem possibilidades de superação dessa condição.
Biografia do autor
Gil Costa é Assistente Social da prefeitura de Itabirito e trabalha com jovens em cumprimento de medida socioeducativa. Também contribui em causas sociais e culturais através da realização de palestras e cursos literários. Soldado sem bandeira é o segundo livro do autor.