Artigo de Opinião
Tem havido uma pressão muito grande por alguns grupos para a realização de debate eleitoral com os candidatos a prefeito de Itabirito. Nada contra, mas valem algumas considerações.
Para início de conversa o objetivo final de todo candidato a um cargo eletivo é sagrar-se vencedor. Para isso, são adotadas ao longo da campanha várias estratégias políticas e de marketing. E uma muito utilizada é a de não comparecer aos debates.
A ausência pode evitar uma exposição desnecessária a um candidato bem posicionado nas pesquisas eleitorais, ainda mais se o debate virar um ringue de um contra todos.
Por outro lado, o ato de faltar tem um peso simbólico ao passar a imagem de que o candidato está fugindo da disputa ou que tem medo de perder.
Por isso, pode-se dizer que não participar de um debate é uma decisão complexa e que deve ser tomada com muita consciência.
Mas, se a equipe e o candidato avaliarem que o custo de ir ao evento vai ser negativo para a campanha; é melhor não ir.
E tal decisão deve ser respeitada, pois o objetivo final, como já dito acima, é vencer o pleito. É isso que importa no fim das contas: o resto é bobagem.
Devemos reconhecer também que os maiores interessados na realização dos debates são os que não estão em primeiro lugar. E dentro desse grupo, chamam atenção os candidatos lanternas e os aventureiros amadores.
É uma ótima oportunidade para essas pessoas conseguirem espaço e mídia gratuita, além de tentar passar um verniz de seriedade em algo que não dá para se levar a sério.
Outro ponto é que se dispor a organizar um debate eleitoral é tarefa difícil. É necessária estrutura logística, financeira e tecnológica, além da adoção de todo um ordenamento jurídico e normas minuciosas a serem aprovadas pelos candidatos e respectivas equipes.
É fundamental ainda levar em conta quem está organizando o evento e quais interesses o movem.
O mediador deve obrigatoriamente ser uma figura neutra sem interesses ou vínculo partidário ou empregatício com qualquer grupo político. Tais pontos possuem um peso ainda maior em cidades de médio e pequeno porte.
Outra regra básica é que haja tratamento igual a todos os participantes por parte dos organizadores. É necessário não haver ciladas, sobretudo, para quem está em primeiro lugar nas pesquisas.
Por fim, organizar e administrar um debate eleitoral não é brincadeira e muito menos lugar para amadorismo. Sou um entusiasta deste evento, mas desde que bem organizado e feito de forma imparcial.
E aproveito para admitir que o Mova-se não tem estrutura para organizar um debate, mas deseja boa sorte a quem se dispor a realizar um.
Marcelo Rebelo é jornalista e editor do site Mova-se Inconfidentes